sábado, 31 de outubro de 2009

quando a "dor" é diferente

I hurt myself today
To see if i still feel
I focus on the pain
The only thing that's real
The needle tears a hole
The old familiar string
Try to kill it all away
But i remember everything

What i've i become
My sweetest friend
Everyone i know
Goes away in the end

And you could have it all
My empire of dirt
I will let you down
I will make you hurt

I wear this crown of shit
Upon my liar's chair
Full of broken thoughts
I cannot repair
Beneath the stains of time
The feelings disappear
You are someone else
I am still right here

What have I become
My sweetest friend
Everyone I know goes away
In the end
And you could have it all
My empire of dirt
I will let you down
I will make you hurt

If I could start again
A million miles away
I would keep myself
I would find a way


Trent reznor é alma amargurada pelas incidências da vida. Ou pelo menos ele diz que sim. Gosta de se questionar em relação ao que vê, criticando o que lhe parece ter falhas, mas ao mesmo tempo assumindo estados de consciência através da sua acção humana. E também há por lá crítica social e política metida à cara podre. e claro religião, um tema que reznor acha graça igualmente. E os NIN são, pois claro, a maior expressão de um homem cheio de demónios interiores e ao mesmo tempo consciente do mundo onde vive.

È fácil bater nele. Por vezes a sua auto crítica quase alcança ares de vitimização,e isso desgosta a muita gente. embora eu honestamente não perceba qual é o problema de simplesmente criticar a própria vida, cosnciência e condição humanas. Há de facto uma data de canções que têm muito disto. Lembro-me assim meio à parva de "everyday is exactly the same", "we're in this together", ou "something i can ever have".

e o "hurt" pois claro. Hurt é uma das músicas mais emblemáticas de NIN e que honestamente é o retrato perfeito do peixe que fui escrevendo: a condição do homem, a sua vontade em se sentir vivo, a sua consciência em como está no meio do nada. Isto é o que interpreto de hurt. A dor de reznor é a dor de alguém que se sente perdido, em certa medida despeitado, num toar de consciência que pouco lhe permite sobressaír enquanto indivíduo. e o final o "i would find a way" mostra, na minha ideia, um certo conformismo com aquilo que lhe sucedeu.




Obviamente que é somente a leitura de um gajo meio esquisito da cabeça. "Hurt" é um dos temas-ícone dos NIN. a verdade é essa. E quando johnny cash apareceu com a sua versão jamais eu pensaria que conseguisse soar tão diferente do original.




Mas a dor é diferente. Se reznor está conformado, perdido,e julga pouco poder fazer para reparar todos os seus erros , cash tem uma voz de total condenação. Não é uma questão de conformismo, mas sim de morte. Cash não tem tempo sequer para poder evitar esse sentimento: é-lhe impingido. Está conformado sim, mas simplesmente porque os seus dias estão no fim. E aqui o "if i could start again" soa muito mais a uma manifestação de vontade, mas ao mesmo tempo de esmorecimento: ele pensa que poderia corrigir seus erros se tivesse tempo para isso. A tomada de consciência chegou-lhe na morte, numa espécie de testamento musical. Reznor mostrou quem era com 30 e tal anos: cash só aos 70 é que decide, de uma vez, lamentar os erros do passado, falar daquilo que julgara ter feito mal, e que tinha deixado de sentir. Cash parece já ter sentido alguma coisa, vivido, experienciado. Reznor parece mero espectador de uma vida que lhe corre com ele a vê-la passar.


As dores são diferentes. Mas o genial em cash é que ele consegue imprimir esse sentimento na perfeição com um tema que nem sequer é dele. e, diga-se de passagem, um tema com uma estrutura bastante vincada, que tem uma mensagem muito específica. conseguir mudar a mensagem de uma música sobretudo através da voz é uma coisa extraordinária. Cash e reznor não serão assim tão diferentes quanto a sua música parece fazer crer: apenas sofrem de maneiras diferentes. E "hurt" foi para cash o mesmo que "requiem" foi para mozart: um testamento musical para apreciação de todos.


e é esta merda basicamente.

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