domingo, 28 de novembro de 2010

community, ou harvard é tipo cocó do grande.



Normalmente as sitcoms americanas funcionam por um motivo muito específico: boa interacção entre as personagens principais. Enfiam-se alguns estereótipos em cada figura, coisas em comum, e vamos ficando a vê-las interagir ao longo dos episódios, criando situações que sejam cómicas e com as quais de alguma forma nos identifiquemos. "Community" não é excepção: a série é boa porque as personagens principais têm uma química imbatível e funcionam bem juntos. a questão é: existe algo para além disso?

Vejamos: how i met your mother fala de um grupo de amigos nos trintas e tal. friends falava de...bem o nome diz tudo. raising hope é sobre uma família que tem um novo membro. big bang theory são quatro nerds e uma gaja boa, vizinha de dois deles. Tudo isto tem um denominador comum: independentemente de cada série ter personagens bem diferentes umas das outras, na maior parte dos casos, o seu passado é idêntico. estamos a falar de amizades, de temas familiares, de vizinhança. Community não. fala de um grupo de pessoas que só mesmo naquele local específico é que se poderiam encontrar. e isso faz toda a diferença.



Community tem uma premissa simples: jeff um advogado sem grandes escrúpulos é obrigado a frequentar uma faculdade pública americana para poder voltar ao activo. Rapidamente encontra um interesse amoroso chamado britta, tentando arranjar motivos para "estudar" espanhol com ela. nisto britta junta alguns colegas para fazerem um grupo de estudo de espanhol e jeff acaba por ficar no grupo também.

e pronto. o que temos depois é uma miúda que passou as passas do algarve na adolescência, um tipo mega boss no secundário que depois se lixou a entrar na faculdade, um indiano estranho, uma afro americana já para os 40 linguaruda à bruta e um tipo de meia idade a tentar ser o mais jovem possível. community vive totalmente das personagens e lucra imenso com a improbabilidade de cruzamento das mesmas: muitas das situações cómicas que se arrancam da série têm a ver com esta estranheza de interacção. nisso e também com o director da faculdade que tenta ser sempre o mais politicamente correcto possível, acabando sempre por fazer bem pior, e pelo genial professor de espanhol, señor chang aka ken jeong o chinês nu de the hangover.




Por outro lado a série tem também conseguido aguentar-se porque em cada episódio vemos disciplinas novas que os alunos vão fazendo de modo a conseguirem mais créditos. Ou seja têm existido sempre boas razões para continuarmos colados. De qualquer forma "community" funciona onde as outras sitcoms também funcionam: num cast bem escolhido (onde está chevy chase e o já citado ken jeong) numa boa interacção entre ele, mas sobretudo na surpresa em ver os habituais losers, misturados com os "machos dominantes" da cena, e com povo mais velho que já nem sabe bem o que é. Por outro lado as particularidades de cada personagem são também ricas o suficiente para a série andar.

"Community" vai somente na sua segunda temporada. ainda não sabe se será renovada ou não: isto nos states as audiências mandam, e uma série até pode ser merdosa mas se tiver público continua até ao fim do universo. No entanto para além de momentos cómicos de mestre que por vezes consegue arrancar, fica também a vitória em como misturar passados tão distintos pode dar em coisa boa. por mim venham mais umas quantas temporadas que isto merece inteiramente a minha atenção.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

the walking dead - porque os zombies são nossos amigos




Ou pelo menos são mais que as mães. Esta adaptação feita da bd com o mesmo nome (que já tem uns quantos capítulos) já é falada ao tempo. aliás pelas internets da vida e provavelmente pelo amc - canal que exibe a série nos states - isto andou a ser divulgado abrutalhadamente. the walking dead entrava nossos pcs adentro mal começássemos a pesquisar por séries novas. a verdade é que esta será provavelmente a primeira série com zombies ó sério e para durar uns tempos: e diga-se que os zombies são muito mais fizes que os vampiros: pelo menos não optam pela paneleirice do pescocinho e vão logo escarafunchar o corpo todo duma pessoa. lindíssimo.

Ora a história parece girar em torno de Rick grimes, bófia e pai de família. O nosso herói leva um tiro nos cornos, fica em coma e quando acorda apercebe-se que qualquer coisa anda estranha. Vai analisar melhor e parece que há uns quantos cadáveres por aí e povo morto-vivo. E a sinopse da coisa é isto. è simples? é. Mas tendo em conta que estamos a falar de zombies enfiados numa série pode soar estranho. No entanto existe alguém que nos descansa em relação à série em si: frank darabont himself, um dos criadores, realizador de obras do caraças como shawshank redemption e o subvalorizadíssimo the mist.



Honestamente, e digo isto sem qualquer problema, este episódio piloto pareceu-me o melhor pilot que já vi desde o de lost. è grandioso nos planos que darabont lhe aplica, consegue ser emocional no sentimento de perda do personagem principal, de incompreensão face a uma realidade totalmente nova, e ao mesmo tempo enérgico e assustador nalgumas cenas em que surgem os zombies. todas as faces desta moeda chamada "the walking dead" foram claramente (bem) calculadas para lhe imprimir o efeito desejado. Não se sente que qualquer pormenor importante fora descurado, e mesmo a história paralela deste episódio foi um portento de emocionalidade e humanismo.

Há de facto cenas que marcam mas que não vou relatar. A questão é que houve todo um misto de sentimentos já expostos e estamos a falar de uma série que se direcciona para a temática zombie. Por outro lado as personagens com quem nós tivemos mais familiaridade (rick grimes e o pai e filho cujo nome já não me lembro) foram descritas na perfeição e tivemos plena preocupação com o seu destino. E isso foi um dos grandes trunfos de lost: conseguir encher a vista mas ao mesmo tempo ter em atenção que o mais importante são as vidas criadas naquele ecrã.



Não faço ideia como é que "the walking dead" vai continuar. Mas com um portento destes acredito plenamente no futuro desta série que me parece vir a revolucionar o mundo do ecrã mais pequenote. A amc parece ter acertado outra vez. Depois da batelada de prémios de mad men (que nunca tive tomates para ver) dos prémios e da genialidade de breaking bad e da seca do caraças chamada rubicon(mas pois teve críticas porreiras), the walking dead parece seguir o trilho do canal. Agora é ver se darabont consegue continuar a história sem nos fartar de ver um tipo em busca da sua família e a dar porrada em zombies.

Se fosse para dar nota eram praí nove zombies e meio a levarem um tiraço nos cornos.