terça-feira, 20 de setembro de 2011

o povo não curte o mundo cão(parte 50 mil)



terriers, série criada pelo argumentista de oceans eleven e matchstick men(filme de ridley scott com nicolas cage e um plot twist dos fodidos no fim) ted griffin, foi muito provavelmente a melhor série estreada o ano passado. esqueçam game of thrones, the walking dead, the killing, entre outras que tiveram, pelo menos, críticas positivas: terriers é melhor que estas séries juntas se for preciso, e eu gosto das 3 séries que referi.

a história dos detectives hank dolworth, e o seu parceiro britt pollack envolvidos em vários casos que, por norma, se agigantam à medida que vão desfiando o novelo, é muito mais que um simples conto com o caso da semana e um desenvolvimento das personagens em volta: terriers teve nos seus 13 episódios, talvez um ou dois casos que se resolveram nos 40 minutos. e mesmo esses conseguiram ser surpreendentes e cativantes, balaceando a sua resolução com os problemas pessoais dos dois detectives.

terriers é um buddy tv show pode-se dizer isso, no entanto existe a ex mulher de hank, gretchen, e a namorada de britt, katie. na categoria de secundários com muito tempo de antena, temos ainda o ex parceiro de hank na bófia, a irmã ultra inteligente mas com uma data de problemas psicológicos, a advogada que lhes arranja os biscates. todas estas personagens são importantes na trama e têm funções a cumprir: aliás em terriers nada é por acaso, nenhuma cena está a mais, está tudo perfeitamente embrulhado, para que muitas vezes abramos a boca de espanto face à solução lógica apresentada.


ora esta saga de detectives teve tanto sucesso como eu a engatar babes numa discoteca da vida. num universo de 250 milhões de pessoas, a série teve números que rondavam os...300 mil espectadores. não é muito normal o fx cancelar séries em barda (o ano passado para além de terriers, também houve lights out que teve o mesmo fim), mas há que apontar o dedo ao canal por não ter promovido a série como devia: enfiar o bulldogue winston, que nem tem tanto tempo de antena teve como isso, como figura principal dos cartazes, foi pessimamente jogado. não ter alertado que a série está bem longe de ser cómica, tendo um momento ou outro meio cáustico que dá para um gajo rir, também foi um erro.

mais que tudo, terriers tem "culto" escrito na testa. é uma série extraordinariamente bem escrita, que surpreende quase minuto a minuto, que tem as ideias muito bem organizadas, e tem duas personagens que vão vivendo dramas tanto do dia a dia como do seu passado: e por vezes arrastam quem conhecem para o meio da lama. sem ter grande comparação a nível de conteúdo, terriers podia ter sido o breaking bad do fx. não foi. agora resta aplaudir a genialidade de griffin e seus argumentistas, bem como a química mostrada pelos actores (sobretudo os 2 protagonistas) e rezar que um dia algum canal mais pequeno queira perceber o que é que griffin ainda tem para nos mostrar. face às constantes e interessantes reviravoltas que a série oferecia, bem como personagens verdadeiramente multidimensionais e com uma matriz obscura forte, era mais que justo perceber onde é que o criador nos queria levar.


de qualquer forma, assim como está é um pequeno segredo partilhado com poucos. vão vê-la. garanto que vão ficar boquiabertos algumas vezes e que, pelo menos, vão entender as razões de hank e britt serem como são.

caguei: eu gostei mesmo disto. leva 10 cães a babarem-se à bruta para o chão só porque sim, em 10.