segunda-feira, 27 de setembro de 2010

more than a thousand - vol:IV make friends and enemies



Quem me conhece de outras andanças, saberá com certeza que os more than a thousand sempre foi uma banda por quem nutri particular gosto. têm um disco de estreia muito bom, o ep seguinte é uma cena bastante interessante, no entanto o importante é micar a genialidade de um disco chamado "trailers are always more exciting than movies" que criou um sururu (palavra mais que paneleira foda-se) relativamente grande e, diga-se até devia ter sido maior.

Este "make friends and enemies" é o segundo longa-duração da banda, depois de "the hollow", um disco também ele interessante onde a banda de setúbal experimentou outros caminhos, texturas sonoras que lhe eram desconhecidas anteriormente (é ouvir "the virus" por exemplo) Esse disco foi tanto um aligeirar de som, como também um caminho para uma experimentação que me causou alguma surpresa.

Já este "make friends and enemies" deixa isso tudo paara trás. È um disco que resulta da maturação da banda sim, mas onde se nota uma espécie de consolidação de processos maior que em "the hollow". È verdade que não tem tanta variedade sonora, no entanto compensa isso com canções com mais nervo, mais coesas, e sobretudo ainda mais catchy. Este novo disco é uma colectânea de novos hinos para serem ouvidos em todó lado garantidamente. Com um imaginário vindo de algumas histórias de horror - algo que sempre esteve presente nos mtat, muito ou pouco, "make friends and enemies" é a consequência natural da banda. Agora só com um vocalista o emocore ficou definitivamente para trás, e o que se tem é rock com alguns laivos de post-hardcore com muita força.

è verdade que o novo tomo dos manos não consegue ter temas que nos espantem abertamente: não abri a boca espanto com "teenage wastelands" ou "first bite" como abri com "the beautiful faces hide witches" ou "cease fire". Mas consegui ver estes temas muito mais enquadrados numa lógica de disco que os anteriores. Foi isso que os mais de mil fizeram: um conjunto de temas de estrutura semelhante mas que assentam bem uns com os outros e que no global fazem um excelente registo no panorama do rock em portugal. E o melhor é que já identificamos o som da banda enquanto more than a thousand.


resumindo rapidamente: boa pomada. Não chega ao brilhantismo absoluto de "trailers are always more exciting than movies" e não será necessariamente melhor que "vol.II- the hollow", mas é um disco que não envergonha a banda e onde sobretudo se nota a coesão musical de um colectivo que ainda pode crescer abrutalhadamente.

leva 8 frankensteins fodidos em 10.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

DROGA NÃO DÁ SAÚDE NÃO (MAS É BEM BOA)



Sem mais delongas afirmo que breaking bad é série filhadaputa. Porquê? Foda-se. Antes de mais por ter uma história que deixa um gajo agarrado como carocho a cavalo. depois por ter um tema que se pode considerar polémico e ser uma série muitíssimo bem escrita. E finalmente por ter um porradão de personagens bastante complexas, cobertas numa data de camadas à shrek e cebola, que ora conseguuem estar num limiar de desespero arranjar irónicos cómicos reliefs e ainda inverterem os padrões sociais de modo a ficarmos divididos em relação à sua acção.

A premissa é simples e ao mesmo tempo prometedora: um tipo inteligente à bruta mas que foi meio enrabado por colegas de faculdade (bryan cranston, o pai dos putos em malcolm in the middle), acaba por se cingir a um trabalho enquanto profe de química para putos no secundário e nas horas vagas andar a lavar carros à viva força. Walt white é claramente um tipo com um qi acima da média e sabe-o, embora não faça grande espingarda para melhorar a situação. tem um filho com paralesia cerebral e uma mulher que se dedica à casa (plo menos não me lembro da skyler trabalhar no início da série). Para melhorar a coisa descobre que tem um tumor no pulmão, e que terá poucos meses de vida. Ora isso em vez de o condicionar ainda mais e fazê-lo vitimizar-se à bruta, liberta-o: num instante despede-se do trabalho na lavagem automática, e noutro está a pedir a um antigo aluno para o ajudar a montar um laboratório de droga. Objectivo? tentar fazer guita suficiente para que a família possa viver porreiramente quando ele for de lopes.

Jesse pinkman é daquele tipo de puto que nunca havia de dar grande coisa, e mais cedo ou mais tarde seria catado pela bófia à pala da andar a produzir metanfetamina. È walt que o safa de ser catado pelo cunhado (que trabalha nos narcóticos de albuquerque)e então pede-lhe para o ajudar a comercializar a droga que ele fará. E tornam-se sócios. E começa o busílis: o gajo tem cancro, é pai de familia parece ser boa pessoa, e vai ajudar uma data de viciados a viverem ainda pior. com intenções nobres sim: mas porra o gajo está a foder outras pessoas? e agora?

e o melhor é que este dilema moral inicial vai-se adensando ao longo da série: Walt white não é mau, mas se não conhecêssemos os seus motivos era um cabrão que devia ir preso. Mas o que ele faz é legítimo? E jesse que não é mau puto, mas é viciado e faz uns negócios pouco simpáticos, merece andar poraí à solta? e que acontece se a família de walt descobre a sua oculta actividade? No meio de tudo isto aparecem uns dealers (uns mais lixadotes que outros), cartéis, e um advogado o grandioso saul goodman claramente o personagem mais cómico a da série e que tem um site todo bonito e mais que funcional.



De facto o melhor de tudo é compreender como é que cada personagem reage às adversidades que surgem. e vermos as personagens a transformarem-se a realizarem acções que pareceriam inicialmente surpreendentes é o maior trunfo de breaking bad: a droga é fixe sim senhor, mas termos personagens complexos multidimensionais, faz torná-los mais humanos, mais reais. è uma série particularmente realista e que nos faz lembrar até à exaustão que ser-se humano é muito mais que respirar e possuir rotinas. Também nos surpreendemos a nós próprios. Também nos transformamos. e não me parece que até hoje alguma série que tenha visto, tenha retratado toda esta metamorfose de um modo tão cru, duro e...real. é cena do camandro breaking bad.



Vejam e percebam porque raio está a ser tão aclamada. Agora é esperar pela quarta temporada, embora ainda falte porradão de tempo...