Em muitas séries de tv temos antagonistas fodidos. aqueles que puxam cordelinhos comá merda, que controlam toda a situação mesmo sem se saber bem como. aqueles que estão sempre 3 passos à frente dos seus adversário, e que dificultam em muito as funções dos nossos heróis. também os há inclusive, a serem as duas coisas ao mesmo tempo: enquanto são bueda bosses da cena, ao mesmo tempo também são os anti-heróis à frente de tudo, com os quais o espectador acaba por ter uma relação forte. cá estão seis manos desses:
GUSTAVO FRING
Começamos logo por um pesadíssimo e provavelmente o tipo com mais sangue frio de todos os presentes. gustavo fring, recorrente na terceira e quarta temporadas da genial breaking bad, é um pai de família extremoso e empresário de sucesso em albuquerque, com o seu restaurante de fast food los pollos hermanos. é também o maior distribuidor de metafentamina de toda aquela zona, usando os meios que tem ao dispôr (como walter por exemplo) até já não precisar deles. é controlador por natureza, meticuloso, e cada passo que dá já vem relacionado com aquilo que ele vai fazer nos três passos que estão à frente. gus foi o perfeito antagonista de walter, um homem cheio de si, jogador exímio, cuja maior fraqueza é o ódio que o consome por dentro.
JOE TOBIN
Joe tobin foi o filho da puta por excelência na extraordinária terceira temporada de damages (aka a série com a glenn close que é das melhores coisas que a tv já fez)fragil inicialmente, ele vai ghanhando calo à medida que tem de proteger os segredos familiares. vive na sombra do pai, tendo de carregar esse mesmo fardo. e com a ganância e vontade em ter mais e deixar tudo seguro, acaba por se surpreender a ele próprio num percurso ao abismo que culmina com...epá vejam damages. é das melhores séries em exibição actualmente.
NUCKY THOMPSON
O boss. é o protagonista da excelente boardwalk empire, e é o anti-herói que por um lado nós queremos que se safe, e por outro nem por isso. nucky thompson é o tesoureiro de atlantic city dos anos 20, ou seja todo o dinheiro que a cidade faz vem ter com ele. por outro lado, o xerife da cidade é o irmão (e nucky era o antigo xerife) quem lhe ensinou as manhas foi um dos fundadores da cidade, conhece magistrados, governadores, com jeitinho dá uma ajuda do caraças a eleger presidentes. é aquela figura que todos os homens do poder querem ao lado, porque ele sabe fazer toda a safra de trabalho sujo para os poder colocar lá. tem conhecimentos e dinheiro, e é com ele e só com ele que atlantic city se mexe.
DAVID BRENT
este também é o boss. a diferença é que ninguém o respeita como tal. david brent é a megastar da melhor série de comédia que já vi. o chefe do escritório que tem a mania que não é preconceituoso, mas depois tem entradas racistas e sexistas, que se acha mais cómico que o charlot se for preciso, que julga ser uma figura inspiradora para todos, que enfim acha que manda mas não manda ponta de chaveiro. acha-se o maior mas não é. e com isso cria situações cómicas de embaraço tal que às vezes achamos demais. mas não conseguimos parar de ver. nem de rir. se querem situações constrangedoras chamem david brent. é o melhor departamento dele.
BENJAMIN LINUS
ben linus foi o tipo que mais porrada levou em lost. merecida sim (matou algum - muito - povo e fez matar outros) mas ao mesmo tempo foi das figuras que mais nos preocupavam na série. porquê? talvez pelo seu mistério inicialmente, e depois pelo conhecimento do seu passado. ben linus é muito perigoso porque também conhece tudo, e sabe o que tem de dizer para que os outros façam as merdas. por outro lado, engana toda a gente se for preciso, e defende-se com o grande conhecimento que possui da ilha. é um mano fodido que era um puto frágil.
MALORY ARCHER
A única mulher da lista, malory archer, é egocêntrica, neurótica e mima o filho como se ele tivesse 2 anos e precisasse dela à bruta. malory archer é daquelas mães que não aceitam o crescimento do filho: e como acham que o devem proteger sempre, são capazes de tudo para isso. malory é capaz de virar a agência de espionagem ISIS do avesso, só para encontrar sterling, ou simplesmente para lhe pdoer dizer na cara que ele está errado e que precisa dela. por outro lado é uma patroa que se está a cagar para os problemas dos empregados. só lhe interessa beber alcóol , falar marotamente com o chefe da espionagem russa, e dizer ao filho que ele continua sem ser grande coisa, se ela não estiver lá para ele. e provavelmente é a melhor personagem que a muitíssimo boa "archer" criou.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
o povo não curte o mundo cão(parte 50 mil)
terriers, série criada pelo argumentista de oceans eleven e matchstick men(filme de ridley scott com nicolas cage e um plot twist dos fodidos no fim) ted griffin, foi muito provavelmente a melhor série estreada o ano passado. esqueçam game of thrones, the walking dead, the killing, entre outras que tiveram, pelo menos, críticas positivas: terriers é melhor que estas séries juntas se for preciso, e eu gosto das 3 séries que referi.
a história dos detectives hank dolworth, e o seu parceiro britt pollack envolvidos em vários casos que, por norma, se agigantam à medida que vão desfiando o novelo, é muito mais que um simples conto com o caso da semana e um desenvolvimento das personagens em volta: terriers teve nos seus 13 episódios, talvez um ou dois casos que se resolveram nos 40 minutos. e mesmo esses conseguiram ser surpreendentes e cativantes, balaceando a sua resolução com os problemas pessoais dos dois detectives.
terriers é um buddy tv show pode-se dizer isso, no entanto existe a ex mulher de hank, gretchen, e a namorada de britt, katie. na categoria de secundários com muito tempo de antena, temos ainda o ex parceiro de hank na bófia, a irmã ultra inteligente mas com uma data de problemas psicológicos, a advogada que lhes arranja os biscates. todas estas personagens são importantes na trama e têm funções a cumprir: aliás em terriers nada é por acaso, nenhuma cena está a mais, está tudo perfeitamente embrulhado, para que muitas vezes abramos a boca de espanto face à solução lógica apresentada.
ora esta saga de detectives teve tanto sucesso como eu a engatar babes numa discoteca da vida. num universo de 250 milhões de pessoas, a série teve números que rondavam os...300 mil espectadores. não é muito normal o fx cancelar séries em barda (o ano passado para além de terriers, também houve lights out que teve o mesmo fim), mas há que apontar o dedo ao canal por não ter promovido a série como devia: enfiar o bulldogue winston, que nem tem tanto tempo de antena teve como isso, como figura principal dos cartazes, foi pessimamente jogado. não ter alertado que a série está bem longe de ser cómica, tendo um momento ou outro meio cáustico que dá para um gajo rir, também foi um erro.
mais que tudo, terriers tem "culto" escrito na testa. é uma série extraordinariamente bem escrita, que surpreende quase minuto a minuto, que tem as ideias muito bem organizadas, e tem duas personagens que vão vivendo dramas tanto do dia a dia como do seu passado: e por vezes arrastam quem conhecem para o meio da lama. sem ter grande comparação a nível de conteúdo, terriers podia ter sido o breaking bad do fx. não foi. agora resta aplaudir a genialidade de griffin e seus argumentistas, bem como a química mostrada pelos actores (sobretudo os 2 protagonistas) e rezar que um dia algum canal mais pequeno queira perceber o que é que griffin ainda tem para nos mostrar. face às constantes e interessantes reviravoltas que a série oferecia, bem como personagens verdadeiramente multidimensionais e com uma matriz obscura forte, era mais que justo perceber onde é que o criador nos queria levar.
de qualquer forma, assim como está é um pequeno segredo partilhado com poucos. vão vê-la. garanto que vão ficar boquiabertos algumas vezes e que, pelo menos, vão entender as razões de hank e britt serem como são.
caguei: eu gostei mesmo disto. leva 10 cães a babarem-se à bruta para o chão só porque sim, em 10.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
parks and recreation ou um cisne todo bónito chamado leslie knope em 5 pontos rápidos
Vamos lá a ver: parks and recreation é série do caralho.pronto. As personagens estão muito bem desenvolvidas, as tramas são interessantes, e sobretudo consegue-se sentir um ambiente de cidadezinha de província que é muito complicado de reter num estúdio na califórnia.
No entanto nem tudo foram rosas para parks and rec: a sua génese teve o (óbvio) problema de ter o irmão mais velho chamado the office (versão states pois claro) e achou-se que a série queria tentar ser parecida ao irmão grande que come gajas à bruta. parks and rec não tinha uma total noção de como era possível engatar babes sem ser necessário usar a mesma abordagem que o irmão mais cota. No entanto, neste momento parks and recreation tem basicamente em comum com the office o facto de ser um mockumentary e ter autores que trabalharam na ex-série de carell e companhia.
a questão aqui é simples: como foi possível a série ter conseguido essa transformação? vou tentar meter tópicos, cena mais simples e coiso.
1- a série nunca foi propriamente uma cópia de the office
sim, eu sei o que disse acima. a questão é que essa crítica foi feita mais pelo facto de parks and recreation ser também um mockumentary e estar no ar no mesmo dia de the office, a horas muito próximas. porque leslie knope nunca foi igual ao patrão de the office, e porque a série retrata muito mais que o simples dia a dia num escritório. isso já lhe está inerente desde o princípio, a questão é que a série não tinha sido desenvolvida o suficiente.
2 - paciência
paciência em esperar por resultados. deixar a coisa respirar, dar-lhe tempo. e foi isso que felizmente foi feito com a série e se notou enormemente. era preciso deixar os personagens agir e percebê-los melhor, criar situações para eles responderem. quando os criadores da série disseram que a primeira temporada tinha sido mais um piloto tamanho xxl que outra coisa qualquer, estavam a ser totalmente sinceros.
3- arcos rápidos e muitos episódios com uma temática só.
fundamental. a primeira temporada baseou-se no tal buraco junto da casa de ann. todos os episódios podiam ter várias variantes, no entanto esse era o tema principal. no próprio finale isso ficou inerente. chegamos à segunda temporada e o buraco foi cheio passado pouco tempo. eles perceberam que não valia a pena insistir mais naquele arco. aliás tnham-no percebido antes - desde o primeiro episódio da segunda temporada, onde o casamento dos pinguins foi o arco. Terem passado a fazer episódios temáticos, cujo arco durasse apenas os 20 minutos, foi meio caminho andado para parks and rec perceber o seu potencial e como é que podia desenvolver os seus personagens.
4- andy dwyer
andy dwyer é o namorado de ann no início da série. o tipo que caíu no buraco, o alvo da reclamação da enfermeira no piloto. inicialmente vemos andy como um tipo que não faz ponta de chaveiro e está em casa com o gesso posto. na segunda temporada ele foi amplamente desenvolvido, passando a trabalhar como engraxador no edifício da câmara. andy foi a personagem que mais cresceu na série, e aquela que mais beneficiou com as mudanças do guião. foi também muito por ele que a série melhorou.
5- donna e jerry
os secundários ganharam muito mais espaço. embora só apareçam pontualmente, donna e jerry são caracteres de nome próprio na série: têm as suas paranóias, vicissitudes, características peculiares. donna é a bacana que se acha pachachuda à bruta e manda bocas fodidas a toda a gente. jerry é o bode expiatório, o saco de pancada de todo o departamento. são dois comic relieves que servem precisamente para nos conseguirmos descartar de leslie, tom, ron, andy, april, etc, quando queremos. e lá está foram muito mais bem desenvolvidos na segunda temporada.
- tudo isto para dizer que parks and recrreation foi uma série que soube corrigir seus erros iniciais, e teve a sorte de ter um canal que não a deitou fora quando ela precisava de apoio. e pensar que sem isso, andávamos a viver todos sem as paranóias do ron, o vício no trabalho da leslie, o bully feito ao jerry ou o estilo pausado do tom...o mundo estava um lugar bem pior para se viver.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
a festa das sobras.
Fala-se bastante, ao longo dos últimos anos, da crescente qualidade das séries americanas. diz-se muito que o próprio enredo das séries se torna muito mais interessante do que os filmes do sistema de hollywood. pois bem, com tanta publicidade às séries americanas, esquece-se o essencial: a maioria das pessoas vê sempre as mesmas e muitas delas nem são grande espingarda.
Convenhamos que two and a half men, big bang theory, ncis, csi, glee, dancing with the stars ou american idol, não são portentos de originalidade. já foram feitos quarenta mil vezes e é isso a que o povo assiste. é melhor que a nova sitcom da sic ou as novelas a retalho da tvi? claro que sim, é inegável que os americanos têm sorte na sua programação televisiva. mas também comem alguma merda.
conclusão: é sobretudo no cabo que arranjamos a programação mais original e diversificada. como cá aliás. a questão é que nos estados unidos o problema da audiência é altamente bicudo: um programa pode ser genial, mas se tiver poucos espectadores fode-se. aconteceu com arrested development. aconteceu com freaks and geeks e undeclared. com Studio 60 on the Sunset Strip (que ainda não vi). isto são tudo exemplos de canais abertos é certo, mas é quase tradicional que nos states existam pérolas que quase ninguém viu.
"party down" foi uma série original do canal starz, que tem uma produção própria de séries há algum tempo. no lugar de criadores temos rob thomas (de veronica mars) e o actor paul rudd por exemplo. e de que trata party down? de um conjunto de aspirantes ou antigos autores e argumentistas que trabalham numa empresa de gathering, cada um deles com as suas especificidades: o patrão que quer abrir um negócio de sopas e pão com a mania que é um tipo do caraças (um pequeno tom à the office, mas muito mais amigável), a tipa comediante que acredita ainda poder vingar, o tipo qque cagou de alto na carreira e anda meio perdido, a bacana mais velha que julga viver duma glória que nunca teve, o nerd argumentista (vivido por martin starr, o bill de freaks and geeks) e ainda o tipo que se acha alto galã e diz que sabe conquistar as babes.
todos eles estão meio na fossa a fazer algo que não querem. no entanto a sua interacção com as pessoas que encontram nas festas que ajudam a organizar são garante de gargalhadas e sobretudo de inteligência do texto. party down tem piadas que vão do mais suave ao mais nojento, situações constrangedoras, mas tudo com uma excelente criação de contexto.
o cast também é muito bem escolhido. tem jane lynch que foi fazer a porra do glee, adam scott agora em parks and recreation, o já referido martin starr, ou ainda ken marino que esteve em veronica mars. a verdade é que todo o elenco funciona na perfeição, é coeso e interage muito bem. temos o geek e o galã sempre à porrada, o tipo que já cagou na carreira e a comediante numa tensão sexual constante, a tipa mais velha a fazer castelos no ar, e o chefe a achar-se melhor que eles todos. e ainda existem participações especiais de jk simmons (de juno) ou de ken jeong de community e the hangover.
ora com uma história sólida e cómica e um bom cast, o que falhou? ora pois claro: as audiências. "party down" é uma espécie de freaks and geeks 10 anos depois. uma série sobre pessoas que ninguém quer saber a tentar fazer algo pela vida e ao mesmo tempo confinados a um espaço que detestam. como o povo de freaks and geeks tivesse crescido e agora trabalhasse todo na área doo gathering. o espírito é esse. é uma pena que ninguém tenha ligado pevas a uma série tão boa como party down. e com os seus actores mais ou menos orientados de trabalho, resta-nos esperar que muita gente se decida a adquirir a série vá-se lá saber por que meio. como eu fiz. e valeu bem a pena.
ainda não acabei de ver a série toda, mas até agora vão 9 bacanas comediantes com ar fofinho em 10.
domingo, 6 de março de 2011
contra a reacçao na eurovisão, ou como ir a um festival da treta com os votos dos que não o curtem.
http://www.publico.pt/Cultura/votos-do-povo-dao-vitoria-aos-homens-da-luta-no-festival-rtp-da-cancao_1483493#Comentarios
Sejamos honestos desde já: actualmente o festival da canção é um bocado de merda. não há como fugir disso. aliás: todos os anos avançam para lá intérpretes tarefeiros vindos de concursos televisivos, ou mesmo do seilaonde. com letras ridículas (o axel tinha uma que era "boom boom yeah"?!) e canções tão originais como os plágios do tony carreira.
Acredito que o festival fizesse sentido nos anos 60 ou 70 em que o acesso à música era diminuto, e um programa deste género, com uma certa interactividade, o povo a micar a tv e defender a sua canção favorita, fizesse sentido. Sentido fazia que para lá iam nomes como simone de oliveira, paulo de carvalho, fernando tordo, nomes à séria com carreira feita e base de público comprovada.
Ainda assim o pior nem está no nosso canto: a eurovisão deve ser dos piores eventos televisivos que tenho memória. a carrada de spice girls da estónia e shakiras da bielorússia que por lá já passaram, dizem tudo. bandas e intérpretes de décima quinta categoria, sem grande futuro musical previsto, a irem para lá discorrer banalidades para os países vizinhos votarem. e nós continuamos a apoiar este bocado de merda seca, em estado continuado de descomposição, voltando a ir àquela merda todos os anos, e levando por exemplo coisas que mereciam melhor palco, como flor de lis há dois anos.
O facto dos homens da luta terem ganho o festival pouco tem de relevante para o futuro do mesmo. para o ano voltarão os tipos engomadinhos vindos de não sei onde, e as bacanas pachachudas e mamalhudas, com decotes marotos, a mandar uns agudos fodidos à rita guerra, e alguém dentro desse quadrante ganhará. No entanto deu para perceber que uma base sólida de apoio faz milagres. e o facebook. A música não é de todo dos temas mais interessantes deles, mas isso é cagativo.
A questão é: teve piada? claro que sim. todos os anos temos os mesmos compositores, os mesmos arranjos, mesmo o povo que canta muitas vezes já lá foi. aquilo é um sistema montado que funciona para meia dúzia de pessoas brilharem só naquela noite - no resto do ano voltam à penumbra. sendo assim é normal que um tema que os mande foder, embora não literalmente, lhes cause tanta celeuma. até porque as pessoas que votaram nos homens da luta são aquelas que não vêem o festival e nunca tinham votado na vida. E depois a rtp acabar a emissão de um festival com "a luta continua" em uníssono é um momento televisivo filhadaputa e brilhante. só por isso já valeu a pena a vitória dos gajos.
Quanto ao medo de sermos representados por eles na eurovisão, a minha resposta é: mas quem raio se interessa por aquele concurso ridículo e merdoso? foda-se! vamos mesmo estar assim tão mal com as merdas de plástico que os outros países vão mandar? ao menos temos algo que, embora teatral, é muito mais genuíno que qualquer outra merda que os outros países mandem. pensem nisso.
Sejamos honestos desde já: actualmente o festival da canção é um bocado de merda. não há como fugir disso. aliás: todos os anos avançam para lá intérpretes tarefeiros vindos de concursos televisivos, ou mesmo do seilaonde. com letras ridículas (o axel tinha uma que era "boom boom yeah"?!) e canções tão originais como os plágios do tony carreira.
Acredito que o festival fizesse sentido nos anos 60 ou 70 em que o acesso à música era diminuto, e um programa deste género, com uma certa interactividade, o povo a micar a tv e defender a sua canção favorita, fizesse sentido. Sentido fazia que para lá iam nomes como simone de oliveira, paulo de carvalho, fernando tordo, nomes à séria com carreira feita e base de público comprovada.
Ainda assim o pior nem está no nosso canto: a eurovisão deve ser dos piores eventos televisivos que tenho memória. a carrada de spice girls da estónia e shakiras da bielorússia que por lá já passaram, dizem tudo. bandas e intérpretes de décima quinta categoria, sem grande futuro musical previsto, a irem para lá discorrer banalidades para os países vizinhos votarem. e nós continuamos a apoiar este bocado de merda seca, em estado continuado de descomposição, voltando a ir àquela merda todos os anos, e levando por exemplo coisas que mereciam melhor palco, como flor de lis há dois anos.
O facto dos homens da luta terem ganho o festival pouco tem de relevante para o futuro do mesmo. para o ano voltarão os tipos engomadinhos vindos de não sei onde, e as bacanas pachachudas e mamalhudas, com decotes marotos, a mandar uns agudos fodidos à rita guerra, e alguém dentro desse quadrante ganhará. No entanto deu para perceber que uma base sólida de apoio faz milagres. e o facebook. A música não é de todo dos temas mais interessantes deles, mas isso é cagativo.
A questão é: teve piada? claro que sim. todos os anos temos os mesmos compositores, os mesmos arranjos, mesmo o povo que canta muitas vezes já lá foi. aquilo é um sistema montado que funciona para meia dúzia de pessoas brilharem só naquela noite - no resto do ano voltam à penumbra. sendo assim é normal que um tema que os mande foder, embora não literalmente, lhes cause tanta celeuma. até porque as pessoas que votaram nos homens da luta são aquelas que não vêem o festival e nunca tinham votado na vida. E depois a rtp acabar a emissão de um festival com "a luta continua" em uníssono é um momento televisivo filhadaputa e brilhante. só por isso já valeu a pena a vitória dos gajos.
Quanto ao medo de sermos representados por eles na eurovisão, a minha resposta é: mas quem raio se interessa por aquele concurso ridículo e merdoso? foda-se! vamos mesmo estar assim tão mal com as merdas de plástico que os outros países vão mandar? ao menos temos algo que, embora teatral, é muito mais genuíno que qualquer outra merda que os outros países mandem. pensem nisso.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
motion city soundtrack - my dinossaur life (2010)
Os motion city sountrack nunca foram propriamente uma banda genial ou inovadora: os seus temas pop com puxões de emo à bruta e uma ou outra mínima pincelada de um certo trejeito indie não são grandemente originais (ok poucas bandas do género usam sintetizadores desta forma mas de resto...), embora consigam contornar os preceitos comuns daquele pop-punk meio parvo. são bem melhores que essas pretensas teen-bands que proliferam em bandas sonoras daquele género meio esquecido da primeira metade dos zero zeros chamado "filme para adolescentes" é verdade, mas a nível de som não os podemos considerar nenhuns pink floyd.
Obviamente que não é isso que lhes interessa. A cena dos tipos é simplesmente fazer canções que sejam catchy, convincentes, com letras minimamente interessantes. E verdade seja dita que o percurso deles em todos os discos que têm até agora ( ora portantos, "i am the movie", "commit this to memory", "even if it kills me" e o novo que se vai falar) tem sido muitíssimo regular. Sem nenhum rasgo de génio confere, mas consistente o suficiente para suscitar interesse.
"My dinossaur life" não é portanto nenhuma bíblia musical: nem pretende sê-lo. Ao longo destes 12 temas o que temos são temas punk pop com o balanço próprio da banda e que servem sobretudo para entreter o ouvido. A grande diferença aqui é que este disco no seu todo soa bastante mais coeso que os anteriores. não é que os outros fossem maus ou erróneos: como indiquei os tipos são consistentes, mas neste caso a fasquia eleva-se um pouco mais. nota-se mais preocupação em criar canções na acepção do termo, em terem refrões que colem realmente ao ouvido e ao mesmo tempo continuarem iguais ao que sempre foram, não acusando demasiado apelo às massas (mesmo tendo em conta que agora estão numa multinacional).
De facto canções como "a life less ordinary (need a little help), "her words destroyed my planet", "disappear" ou "pulp fiction" são perfeitos exemplos disso. Exemplos em como a banda conseguiu sobretudo aprimorar o seu som e torná-lo ainda mais coeso e contagiante ao ouvido. Súmula de carreira? epá nem por isso. Talvez possa considerar o disco mais definitivo dos tipos e sem dúvida o primeiro a ouvir quando se quiser investigar mais do grupo. no entanto acredito que se o emo rock dos tipos conseguiu ser interessante até agora, o próximo disco também é capaz de continuar a contenda.
Em súmula: este "my dinossaur life" é óptimo quando se quer descontrair o ouvido de cenas mais complexas e quando se pretende simplesmente ouvir algo simples, que soe bem e tenha refrões cantaroláveis. è pena que tanta gente enverede em guilty pleasures meio estranhos e não venha para estes lados. E é pena tambémm que estes tipos ainda não tenham o reconhecimento merecido. Conseguir ter canções contagiantes à bruta num estilo até bastante audível e acessível, mas ao mesmo tempo não perder personalidade artística, é algo muito complicado de conseguir. e os homens sempre foram e são capazes disso.
Leva oito triceratops verdes à bruta em dez.
domingo, 19 de dezembro de 2010
weezer - hurley (2010)
E deu na mona dos weezer mandar um disco cá para fora este ano. este já é o terceiro disco no terceiro ano para a banda, e se muitos acham que os weezer há muito que não são musicalmente relevantes, outros ainda se divertem a ouvir os cânticos de cuomo e companhia.
e eu sou um deles. è verdade que a genialidade da banda ficou nos dois primeiros discos, mas depois do primeiro homónimo e de pinkerton existe muito tema bom e altamente cantarolável. è verdade que a criatividade ficou para debaixo do tapete, mas sinceramente estou-me cagando. E "hurley" é mais um exemplo de meia dúzia de temas cantaroláveis, agradavelmente contagiantes e que soam sempre despretensiosos, o que é mais que bom.
Com uma capa a modos que peculiar (e que acabou por ficar para nome do álbum), os weezer continuam na onda do "estamo-nos a cagar, queremos é mandar merdas cá para fora sem trabalhar muito na cena" e isso nota-se positivamente. sim, disse positivamente. Vamos lá a ser honestos: se "raditude", "hurley", sobretudo estes dois, surgissem depois de um hiato da banda, obviamente que a coisa seria analisada de outra perspectiva. Não seria concerteza intenção dos weezer mandar uma cena, não incompleta ou inacabada, mas pouco consequente. Mas assim nós sabemos que cuomo está virado é para fazer música. e eu estou com ele.
Quanto a temas a cena não difere muito dos discos anteriores: "memories" é um excelente single, catchy à bruta e com uma letra que eu curto, "where's my sex" é o tema alien do disco (mais pela letra e pelo arrastar cheesy) que também soa mel nos ouvidos, "time flies" a balada que fecha o álbum. Posto isto e despachando a coisa, "hurley" não é o melhor disco dos weezer nem de perto nem de longe, mas tem um conjunto de malhas simpáticas, com letras simples mas certeiras e entretém à bruta.
È certo que a carreira dos weezer virou dum taxi driver para um the hangover. No entanto ambos os filmes têm os seus pontos fortes e são bons à sua maneira. Obviamente que the hangover nunca poderá ser scorsese, mas não é isso que quer. e os weezer também não querem sê-lo. Por mim tudo bem. a ver se nos dão mais umas cançõzinhas fresquinhas para o belo do sing along, em 2011. Por enquanto está tudo mais que aprovado.
dou sete kates recheadas de sensualidade em lost, em dez.
e toma lá vídeo do "memories". sim, tem povo do jackass. buéda sweet e quê.
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